Embora sejam mercados regulados por diferentes órgãos, o de seguros pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) e o de investimentos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), são duas áreas que “se conversam” dependendo do momento de vida de cada pessoa.
Os produtos de seguro e previdência vão proteger o patrimônio acumulado e os produtos de investimento, devido ao acúmulo de patrimônio, em algum momento podem vir a diminuir ou zerar a necessidade de alguns tipos de seguro.
Se pensarmos, por exemplo, em uma família que tem necessidade de cobertura de seguro de vida por questões sucessórias, por impostos, por exemplo, o produto de previdência quando já tem capital acumulado, pode vir a substituir a necessidade de cobertura por um “caixa” que também não vai para inventário e também não tem imposto sucessório.
As empresas do mercado de investimento já se utilizam de tecnologia há alguns anos, e o cliente consegue fazer quase tudo online. Isso facilita muito o acompanhamento das contas e faz com que a pessoa não perca a oportunidade de investir em algo, ou de sair de algo de forma ágil. As coisas acontecem em tempo real e, mesmo tendo o acesso online o tempo todo, o cliente continua contando com as orientações do assessor de investimentos.
Já no mercado de seguros, ainda existe muita burocracia em papel, e dependência do trabalho de pessoas na outra ponta para que as coisas aconteçam. Vejo alguns corretores “brigando” com a SUSEP para não automatizar as coisas, achando que assim perderá o cliente, não entendendo que digitalizar o processo não tira a importância do corretor de seguros.
Durante a pandemia tivemos um avanço nas tecnologias do mercado de seguros que há muito tempo eu não via. Telemedicina, por exemplo, foi regulamentada durante a pandemia e proporcionou que as pessoas não tivessem que se expor em um pronto socorro lotado, que pudessem ser atendidas por vídeo e caso necessitassem de alguma medicação, o médico envia a receita via QR code para que o paciente possa comprar na farmácia de sua preferência o remédio necessário.
Nas vistorias de bens, como por exemplo de veículos, muita coisa pode ser feita hoje em dia via câmera do celular, evitando o contato pessoal entre vistoriador e segurado.
Quanto ao aprendizado que o mercado de investimentos poderia ter com a área de seguros, é no que se refere à liberdade de trabalho e neutralidade do corretor de seguros. Enquanto no mercado de assessoria de investimentos o assessor é obrigado a se cadastrar em apenas uma corretora e oferecer aquela única opção ao cliente, no mercado de seguros, o corretor tem um universo de seguradoras que concorrem entre si tentando oferecer os melhores produtos e custos, tendo que ofertar um serviço de excelência ao corretor, que através das informações que passa a seus clientes, tem grande influência no processo decisório.
Tramita atualmente um pedido de mudança desta regra junto à CVM, para que o assessor de investimentos possa se cadastrar em mais de uma corretora de valores e consolidar os investimentos do cliente como um todo. Devemos ter novidades ainda este ano sobre esse assunto.